23 de mar. de 2008

A ulitima lágrima



Ele sabia, ele corria, compelia esforços em avançar, sempre adiante agarrado ao seu fuzil
Ele perdeu seus amigos e não mais sabia por onde estava andando
Corpos pelo chão, pessoas que ele amava, completos desconhecidos, do seu lado e do lado inimigo
Seu pensamento era unico, suas metas eram as mesmas desde o seu primeiro dia neste solo estranho
Ele sangrava, ele sofria e voltava atraz para encontrar algo que servisse de alimento ou cura para as feridas
Dentre todos era o unico que restava, ele se perguntava, devo rezar e deixar tudo nas mãos de Deus?
Ou devo continuar em frente e enfrentar minha morte como um homem de verdade?
Sua propria conciencia lhe dizia: "ora bolas homem, você acha mesmo que Deus olharia para você perdido neste lugar? Enfrente e morra com onrra!"
Enfrentar, depois de subir aquela colina contra o por-do-sol e se deparar com a visão do prórprio inferno
Seus amigos e aliados cercados por um batalhão de famintos inimigos,
Cianças e mulheres inoscentes a mercê de sexualmente sedentos homens de meia idade
Tudo parecia não mais importar, e ele decidiu, que se fosse para morrer sem pedir a ajuda divina, então morreria para honrrar aqueles que dele precisavam
Afinal pensou ele, Herois? Heróis devem mesmo morrer, pois de que adianta sobreviver e no final carregar suas medalhas sentado covardemente sobre uma cadeira de rodas?
Ele preferia a morte ao tédio
E foi isso que o moveu a novamente erguer seu arraastado fuzil
Verificou novamente de quanta munição dispunha
E então ele concluiu que lhe restavam apenas 10 minutos de bravura inconsequente e por fim menos do que isso de vida
Ele respirou fundo
Ele se sentiu finalmente como o ultimo homem livre do mundo
Suas ultimas lagrimas rolaram
Ele empregou, seus ultimos exforços em uma corrida desenfreada
Bradando o mais alto que conseguiu, a sua ultima canção
Ele compoz esta canção, quando ainda podia ver beleza no mundo
Quando vivia, quando tinha alguem por quem viver
E esta canção falava justamente de heróis, daqueles que enfrentam o mundo por amor a todas as causas que ja se perderam
E ele cantava e sorria, seus ultimos disparos fazia, enquanto abria caminho em direção aos seus
Ele corria, saltava sobre aquele chão no qual ninguem desejaria pisar
Sentia seu corpo sangrar
Ele sabia, que por mais que sofresse, era aquilo que deveria fazer
Ate que então seus olhos em um relance quase que mágico notam a presensa daquela pra quem ele ja escrevera tantas de suas canções
Ele não sabia o que ela fazia ali, dentre aquelas mulheres e crianças que o moviam a impelir este ataque
No momento em que ela correu em sua direção
Ele sentiu seus joelhos tocarem o chão
Um ultimo golpe desta vida cruel que o afastou de todas as coisas felizes
Mas feliz ele estava, pois morreria nos braços daquela que amava
Ela por azar do destino mais do que impiedozo que cercava o lugar
Arrastada pelos cabelos por um homem de longas barbas e uma mortal arma na mão
Impedida de correr ate ele
Lagrimas escorriam do rosto dela
E ele novamente voltou a se lembrar
Do efeito que estas lagrimas tinham
De quando ele a fez chorar por motivos que nem mesmo ele reconhecia como validos
E agora novamente ele a via derramar aquelas lágrimas
Lágrimas que ele proprio jurou que nunca mais cairiam,
Prometeu que protegeria o coração dela dos peridos
Diante daquela expressão de dor no rosto da sua garota
Novamente se levantou
Descobriu que se entregar não era mais importante
Enfrentou seu próprio medo
Encarou de frente o grande homem de longas barbas
Ele fechou os dois punhos e avançou sobre o adverssário como um animal, rangendo os dentes
Ao se aproximar do homem, e ver sua garota finalmente livre dos braços dele
Decidiu que esta seria a coisa mais util que ele ja fez na vida,
Usou de artimanhas desleais, atingindo o grande homem onde ele com certeza ficaria incapacitado de qualquer outra ação
E finalmente derrubou-o com um unico golpe junto ao pescoço
Virou-se para abraçar sua amada e confortala em seus braços
E a percebeu, convalecendo e sangrando seus ultimos suspiros
Concluiu finalmente que o homem a havia ferido mortal mente antes de joga-la contra o chão
Morte muito bem vingada pensou ele olhando para as barbas ensanguentadas do homem
Ao voltar-se novamente para a garota ele ja sabia o que fazer
Então ele correu, a pegou no colo, nas costas o fuzil, e disparou novamente em uma corrida sem parada
Na direção do sol que acabara de se por
E este foi o seu erro
Ao perceber seu próprio sangue jorrar
Uma, duas, tres vezes
E ver a vida ser tirada dele como uma folha que cai de uma arvore no outono
Sentiu então as pernas tropeçarem em si mesmas e caiu finalmente ao chão
Deixando cair pesadamente a garota e agarrado ao seu fuzil, olhando agora para os seus agressores
Observou uma mulher ajoelhada sobre o corpo inerte do homem de longas barbas
Piscou os olhos e viu que os que atiraram nele eram os mesmos que estavam ao seu redor antes, mas agora perderam um amigo
Nas lagrimas da mulher ele encontrou as proprias lágrimas
E percebeu que ele não era um herói
Que não era melhor do que nenhum de seus inimigos
Atirou seu corpo sobre a sua amada, sua garota de longos cabelos negros, e pele clara protegendo-a assim dos projeteis que por eles cruzavam
E finalmente fechou os olhos
Encontrando assim, o fim para a sua história.



Isto foi contado por alquem que ouviu da propria boca da garota de longos cabelos negros, a história verdadeira, de alguem, que viveu os piores e os melhores sentimentos do mundo
Pela guerra ou pela paz

que ele sempre exista nos corações dos que seguirem desta geração

os verdadeiros heróis, humanos e mortais como qualquer um de nós.

Nenhum comentário: