1 de fev. de 2010

O Que Contarei Aos Meus Netos.

Foi assim, o telefone tocou. Ele se surpreendeu mas aceitou a idéia mirabolante como se fosse a coisa mais simples do mundo. E assim ele a encarou, quando disse a ela, me espere, vou ai te buscar. E ele saiu na rua, camiseta do ACDC, bermuda e chinelos nos pés. Um cara normal, numa noite normal. Andando por onde ele conhecia, passando em frente a casa do melhor amigo. O coração acelerado, ancioso. Pensando onde ele a veria pela primeira vez. E quando ele avistou o local, parou ali, no meio da rua por uns segundos e ele a viu, Vestido roxo, cabelo preso, olhando pro chão. Linda. Ele não conseguia pensar em outra palavra a não ser esta. Linda, MINHA linda.

Ele se aproximou, de vagar, a cautela vinha por medo de fazer uma besteira. Ela demorou para nota-lo. Quando ela o viu, ela levantou calmamente. Ele abriu os braços. Ela o abraçou e ele correspondeu. Ela tinha o melhor cheiro do mundo para ele. E o abraço dela era tão tranqüilizador que nem mesmo a tremedeira boba dele aparecia. Ele se sentia feliz e completo pela primeira vez na vida. E ele gostava disso.

Ele pegou a mão dela. O encaixe foi tão perfeito que os dois se espantaram, caminharam calmamente pela rua tranqüila, sem carros, sem pessoas e sem nada. Ele só pensava em quebrar a promessa feita dias antes e beija-la. Ela parecia sentir o mesmo, mas com muita força feita para não demonstrar.

Era época de natal, algumas casas tinham luzes. A dele era uma destas. Ela se encantou. Ele abriu a porta enquanto ela fazia comentários admirados. Eles se sentaram na sala e conversaram sobre tantas coisas, e em cada coisa ele via aqueles belos olhos, aquele sorriso e ele ficava cada segundo mais preso.

Ele tentava adivinhar pensamentos, e o melhor de todos, o que ele adivinhou, não teve coragem pra falar. Ela sorriu e pediu para que ele quebrasse a promessa. Ele a beijou. Ela tocou a face dele. Ele começou a sentir-se tão dela quanto ela parecia ser dele. O beijo foi lento. Sem pressa. Somente descobertas. Ele sentiu que aquele beijo era o que ele queria para o resto de sua vida.

Eles passaram a noite em claro. Declarando amor quase proibido. Amor meio sem sentido naquele momento, ali, no chão da sala apertada da casa dele. Ele sentia profundo desejo e amor por aquela mulher. Ela mostrava para ele que o mesmo acontecia com ela. Os dois se gostavam. E tinham se esperado tanto tempo, e agora estavam ali. Era inacreditável. Inconcebível. Mas era amor. Na sua forma mais pura, mais carnal e espiritual em conjunto possível. E ele se deu conta disso.

Os dias se passaram, e a cada instante tudo nela o agradava mais. Das expressões aos risos, das manias aos vícios. Tudo era tão perfeito nela aos olhos dele, que ele queria que alguns daqueles instantes durassem pra sempre.

E ela tinha tudo que os olhos dele mais gostavam, ela era tudo que ele mais amava e assim ele era feliz.

Ele queria ela como sua namorada. Algo proibido mas que ele estava disposto a ter.

Ela queria e não sabia o que responder. Mas ao fim das contas ele simplesmente conseguiu. O coração perfeito dela agora era dele, e no coração dele, o grande e bobo coração daquele cara, tudo batia em função dela. Estavam ligados, comprometidos, prometidos e não importa o que digam, eles lutariam um pelo outro mesmo que ninguém mais os apoiasse.

E logo chegou a hora de começar a batalhar. Pois a vida afastou aqueles dois. Ele chorava e sofria, ela sentia que de repente poderia perder as forças. Ele tentava se mostrar forte. Ela chorava e ele tentava cuidar dela.

Mas aos poucos o sentimento dominou a carne. O amor provou ser maior do que isso. Provou que supera muitas coisas que nem imaginamos possíveis. E eles planejaram a vida. E passaram a batalhar para que cada um daqueles planos se tornasse real. Baseados apenas no que sentem, e no quanto um pode fazer o outro feliz.

Para ele não importava o tempo. Não importava o quanto precisasse lutar, ele lutaria. Pelos dois se fosse preciso. Ele se importava tanto com ela. Gostava tanto dela, que queria que a vida deles nunca mais tivesse que seguir rumos diferentes. E foi assim, que ele passou a ver o mundo: com ela no centro e muitas outras coisas e vultos de outras pessoas ao redor. Mas importante mesmo, no mundo dele só ela. Ele era feliz assim. Feliz com ela. E guiou sua vida daquela noite em diante, em função disso. Viver com ela e ser feliz.

Assim contarei aos meus netos.

A menos que tu tenha algo a acrescentar.

Chaiane. Eu amo você.

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